Seca
Usuários reclamam de pagar o ar por água no Porto
Em alguns casos, conta chegou mais cara, mesmo sem abastecimento; Sanep diz que vai atender moradores na tarde desta quarta na unidade da Benjamin com Santa Cruz
Jô Folha -
Um problema se tornou crônico desde novembro do ano passado na região do Porto de Pelotas.
A constante falta de água acumula louças na pia, adia banhos de chuveiro e obriga moradores a utilizarem baldes de água em vez de descargas no banheiro. Entretanto, há um problema ainda maior: a conta segue vindo com números que podem não condizer com o consumo. Conforme informações do presidente do Sanep, Alexandre Garcia, já houve uma “sensível melhora” na região. Nesta quarta-feira a autarquia fará um mutirão para atender moradores com problemas nessas contas. Os atendimentos serão das 12h30 às 17h na sede da rua Benjamin Constant, esquina Santa Cruz. O problema chegou a tal ponto que os moradores da rua Antero Leivas estudam entrar com uma ação conjunta no Ministério Público.
O Sanep informa que a despressurização da rede de tubulação ocorre através de torneiras com boia, como caixas d’água e descargas de banheiro, por exemplo. O engenheiro da autarquia, Arnaldo Soares, explica que, ao faltar água numa região e as torneiras serem abertas, o volume de um metro cúbico de ar ocupa 127 metros nos canos e não necessariamente volta para a mesma residência. Segundo ele, da mesma forma que o hidrômetro marca a entrada de ar, ele também marca a saída. Um diagnóstico interno realizado por técnicos da autarquia chegou à conclusão de que os valores seriam insignificantes ao consumidor. “A gente não injeta ar na rede”, garante Soares. Cada metro cúbico de água custa R$ 3,85 nas faturas.
Morando na rua 3 de Maio, a aposentada Ivone da Silva, 76, sofre com problemas de saúde. Aposentada e viúva, ela habita sozinha uma casa. Em fevereiro a conta foi de R$ 286,00 e em março o valor subiu para R$ 630,00. Com um problema na perna esquerda, Ivone tem dificuldades para caminhar e até agora não conseguiu quem a levasse à sede do Sanep. “Como eu, aposentada, vou pagar uma conta de água de mais de R$ 600,00?”, reclama a moradora, que tinha direito na tarde desta terça apenas a um fio de água na torneira próxima menos de 30 centímetros do chão. Para lavar roupas, Ivone enche baldes de água e os carrega até o fundo da casa. Uma equipe do Sanep continua na rua com obras nas tubulações.
Na rua Antero Leivas, o gráfico Nauro Afonso, 53, diz que vários vizinhos já estão comprando bombas de água. Trabalhando no turno da noite, ele precisa levar roupas e produtos de higiene para tomar banho no trabalho. Ao abrir as torneiras da casa, um pequeno fio de água que logo cessa. Ele mora em uma casa com nove pessoas e a conta de fevereiro foi de R$ 228,00, enquanto a de março chegou a R$ 199,00. “A água não vem, mas segue a conta alta”, critica.
Esclarecimento
O presidente do Sanep, Alexandre Garcia, informa que o desabastecimento compromete a leitura, uma vez que os hidrômetros deveriam funcionar apenas com água. Nas casas que estão apresentando problemas, o Sanep vai analisar e substituir os hidrômetros para, depois disso, saber se o problema é nos equipamentos ou nas redes. Ele também informa que o Sanep está ativando o Reservatório 3, na esquina da rua João Manoel com Andrade Neves, o que injetará à rede de 1,5 milhão a 2 milhões de litros d’água, o que deve aumentar a pressão nas zonas mais baixas.
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